Vantagens da Cooperação

A participação das cooperativas na COP26

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Entre os dias 31 de outubro e 13 de novembro do ano passado, celebrou-se em Glasgow (Escócia), a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP26). O acordo para tentar limitar o aquecimento global a 1,5ºC foi um dos principais resultados do evento. Só que, a participação das cooperativas na COP26 também merece destaque.

Orientadas por princípios mais justos e humanos, as instituições que integram o movimento cooperativista tratam continuamente de demonstrar que é possível, sim, aliar produtividade e desenvolvimento com susentabilidade, prosperidade e responsabilidade social.

Exemplos disso são os oito estudos de caso contemplados no informe “Cooperação para a transição a uma Economia Verde”. O documento – publicado no ano passado pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) em parceria com a Comissão Europeia (#coops4dev) – analisa como as cooperativas podem contribuir com a ação climática e a transição ecológica.

De todo modo, é válido reforçar que os casos contemplados nesse estudo são apenas alguns exemplos. Afinal, como atesta a Carta Aberta do Cooperativismo Brasileiro para a COP26, “toda cooperativa independentemente do tamanho, área de atuação ou país já nasce com o compromisso de cuidar da comunidade onde atua, o que só pode ser feito com justiça social, equilíbrio ambiental e viabilidade econômica”.

Aliás, a Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB) – autora desse manifesto – foi uma das instituições participantes da COP26. O convite foi feito pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em reconhecimento ao importante papel das cooperativas em prol da sustentabilidade, da preservação ambiental e do desenvolvimento.

Acompanhe os principais destaques da participação das cooperativas na COP26 e confira também algumas boas práticas cooperativistas para seguir contribuindo com o desenvolvimento sustentável:

O Manifesto da OCB

Previamente à participação propriamente dita das cooperativas na COP26, no dia 29 de outubro, a Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB) publicou um manifesto esclarecendo a visão cooperativista a respeito do tema.

De acordo com o próprio documento, o objetivo da publicação “é contribuir com os debates que estão sendo realizados, no Brasil e no mundo, em torno do aquecimento global e dos planos de redução dos gases de efeito estufa para os próximos anos”.

Diante disso, o texto apresenta os cinco princípios norteadores das cooperativas brasileiras relacionados aos debates da COP26. São eles:

  1. Regulamentação do mercado de carbono.
  2. Combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal.
  3. Medidas de estímulo e proteção à preservação do meio ambiente.
  4. Valorização da produção brasileira para o combate à fome no mundo.
  5. Fomento ao cooperativismo como arranjo produtivo sustentável.

Em outras palavras, podemos dizer que o cooperativismo brasileiro reconhece que é fundamental reduzir as emissões de gases de efeito estufa e entende que, para isso, além de regular o mercado internacional de carbono, é necessário valorizar modelos produtivos de baixa emissão de poluentes, além de facilitar o acesso a recursos para projetos em prol da preservação e recuperação do meio ambiente.

O documento aponta ainda que o movimento enxerga no Brasil “a vocação de ser protagonista na construção de uma economia de baixo carbono”.

Cooperativismo para a economia de baixo carbono

No dia 12 de novembro, ocorreu, no pavilhão brasileiro da COP26, o painel “Cooperativismo como ferramenta para a Economia de Baixo Carbono”, com a participação da gerente-geral da OCB, Fabíola Nader Motta.

Nessa ocasião, a executiva reforçou o potencial das cooperativas para ajudar o país a cumprir as metas de redução do desmatamento ilegal e da emissão de gases do efeito estufa.

Para ilustrar dita afirmação, a gerente-geral da OCB apresentou como exemplo o trabalho de cooperativas como a Camta e a Cooasgo, entre outras.

A Camta – Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Pará) – foi destaque pelo seu sistema de produção agroflorestal diversificado que ajuda a reduzir a emissão de CO2 na floresta.

“Seguindo os ensinamentos dos ribeirinhos, os cooperados da Camta colocaram o açaí, o cacau, a mandioca e a pimenta-do-reino para conviverem juntos, em harmonia com a floresta Amazônica. São 5 mil hectares de terra, onde as plantas de uma cultura servem de adubo para o crescimento e fortalecimento das outras. Isso mantém o solo úmido e fértil, respeitando o clima e a biodiversidade local. Imitando o ciclo natural da floresta, a produção da Camta não empobrece o solo, aumenta a produtividade e ainda ajuda a recuperar áreas da floresta que tinham sido degradadas”, explicou Fabíola Motta.

Enquanto isso, a Cooasgo – Cooperativa de São Miguel do Oeste (SC) – foi citada por ser uma das primeiras do país a negociar créditos de carbono com parceiros internacionais.

A partir do manejo sustentável dos dejetos de granjas de suínos, a Cooasgo consegue produzir biofertilizantes, gerar energia elétrica sustentável e comercializar créditos de carbono, além de contribuir para a redução da emissão de gás metano.

Além do mais, durante a participação da OCB na COP26, a executiva também fez referência ao trabalho de mais de 540 cooperativas brasileiras na produção de energia renovável, com destaque para cinco instituições do setor – Vale, Castrolanda, Lar, Copacol e Frísia – que geram energia limpa por meio da biomassa.

Complementarmente, Fabíola Motta apontou, ainda, para o trabalho realizado pela própria OCB junto às autoridades públicas nacionais, afirmando que:

“Um dos nossos maiores desafios é colocar em prática o pagamento por serviços ambientais e o mercado de carbono, que podem potencializar ainda mais as ações de conservação do meio ambiente”.

A contribuição continua

Como vimos até aqui, a participação das cooperativas brasileiras na COP26 foi realmente marcante. Mas a contribuição do cooperativismo com a luta contra o aquecimento global não deve parar por aí.

Para ajudar as cooperativas nacionais nessa missão e inspirar a todo tipo de empresas, reproduzimos a seguir uma lista publicada no mais recente informe da #coops4dev com alguns exemplos de ações e medidas que podem contribuir para os objetivos ambientais e de sustentabilidade.

Cooperativas Financeiras

  • Provisão de capital ou finanças a juros baixos para a implementação de ODS
  • Desinvestimento em combustíveis fósseis e negócios insustentáveis
  • Investimento em tecnologias verdes e finanças responsáveis
  • Pagamento por serviços de ecossistemas e banco verde
  • Moedas da comunidade

Cooperativas Agrícolas

  • Produção sustentável de alimentos e agroecologia
  • Combate à fome e à desnutrição
  • Redução do desperdício de alimentos
  • Resiliência e adaptação ao clima
  • Apoio a pequenos agricultores
  • Autoavaliação das práticas ambientais

Cooperativas Habitacionais

  • Combate à pobreza energética
  • Eficiência energética e aquisição de fontes de energia limpa
  • Adaptação e mitigação do clima
  • Instalações de painéis solares
  • Uso de materiais de construção sustentáveis
  • Reforma de moradias

Cooperativas de Energia

  • Redução da poluição e das emissões
  • Produção de energia limpa
  • Aumento do mix de energia renovável
  • Aumento da eficiência energética e inovação
  • Fornecimento de acesso à energia renovável e de propriedade da comunidade a preços acessíveis
  • Fornecimento de serviços essenciais, como comunicações, iluminação e bombeamento de água
  • Democratização da energia
  • Resposta e redução de desastres

Cooperativas de Indústria e Serviços

  • Redução da poluição
  • Processos de produção ambientalmente corretos
  • Minimização e prevenção de resíduos
  • Pesquisa e inovação ambiental
  • Prestação de serviços de água

Cooperativas Florestais

  • Preservação e gestão sustentável dos recursos naturais
  • Proteção e conservação da biodiversidade
  • Plantio de árvores e reflorestamento
  • Captura, armazenamento e sequestro de carbono
  • Métodos de produção sustentáveis

Cooperativas de Consumo e Varejo

  • Melhoria do acesso a alimentos seguros, nutritivos e acessíveis
  • Redução do desperdício de alimentos e mudança nas escolhas alimentares e no comportamento do consumidor
  • Produção e consumo sustentáveis
  • Pesca marinha sustentável
  • Transporte e eficiência da cadeia de abastecimento
  • Redução do desperdício de plástico
  • Produtos locais orgânicos e saudáveis com uso reduzido de pesticidas

Cooperativas de Reciclagem

  • Empregos verdes
  • Gestão de resíduos
  • Melhores taxas de reciclagem e redução de aterro
  • Saúde pública e saneamento
  • Cooperativas de Transporte
  • Mobilidade e empregos verdes
  • Serviços de entrega amigáveis ​​ao clima
  • Redução da poluição e das emissões
  • Cadeia de suprimentos mais ecológica
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