O Open Finance e o valor dos seus dados

Como extrair valor dos dados? Como agregar valor a clientes com o Open Banking?

Guia de Bolso | 03 de novembro de 2021
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Evolução do Open Banking, o Open Finance permite a instituições (financeiras ou não) gerar valor a partir da análise dos dados dos usuários e consumidores.
Evolução do Open Banking, o Open Finance permite a instituições (financeiras ou não) gerar valor a partir da análise dos dados dos usuários e consumidores.


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Com o avanço da implementação do Open Banking no Brasil – e já estando em vigor a LGPD –, muito se tem falado sobre o compartilhamento de dados. Mas você sabe qual o valor do seus dados e como eles podem ser utilizados para gerar mais benefícios para você?

“Quando a gente fala em dados, muitas vezes, a gente não tem noção do valor que isso tem” – comenta a especialista em finanças, Mara Luquet –. “Isso tem um valor enorme. E a pessoa diz assim: ‘Ah, mas eu tenho controle dos meus dados. Meu nome, meu telefone…’ Mas é muito mais que isso. É a sua história financeira. E isso pode te abrir portas e pode te entregar produtos mais baratos, mais oportunidades financeiras”.

Só que, para entender realmente qual o valor dos seus dados, é preciso compreender, antes de tudo, o que é o Open Banking – sobre o qual nós já falamos aqui e aqui – e o que é o Open Finance, ou Sistema Financeiro Aberto – uma evolução do Open Banking, que prevê o compartilhamento de dados financeiros dos usuários (mediante autorização expressa) não somente entre instituições financeiras e fintechs, mas também entre corretoras, companhias de câmbio, fundos de previdência, etc.

Também é válido observar as próximas etapas do atual cronograma de implementação desse Sistema, que deve ser concluído já no próximo ano:

Percebe-se, portanto, que a ideia é que as instituições integrantes do Open Finance possam compartilhar, gradativamente (e sempre com a autorização do usuário), cada vez mais dados entre si, permitindo a integração de serviços, a oferta de novas soluções, a personalização e a otimização da experiência do usuário.

Para entender melhor como funciona esse processo, acompanhe:

Como extraem valor dos seus dados?

Durante o webinar Uma Revolução no seu Bolso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou que, em sua opinião, os dados são o grande ativo do futuro.

Contudo, tais "dados" ainda não têm um valor definido nem são taxados (ou seja, não são cobrados impostos pela sua utilização). A questão está, portanto, em conseguir gerar valor a partir desses dados, o que começa, é claro, com a obtenção de ditas informações.

Só que, para extrair valor dos dados de usuários, não basta apenas ter acesso a eles, é preciso estruturá-los, estabelecer indicadores, gerar variáveis e aplicá-los em modelos.

Percebe-se, então, que, isoladamente, os dados de um único usuário são pouco efetivos para a geração de valor. É claro que cada dado é fundamental, mas seu valor está no conjunto, já que, a combinação de um alto volume de dados é o que permite aos especialistas de Data Science (Ciência de Dados) gerar variáveis (como cashflow, salário, investimentos, etc.) e criar modelos que podem ser usados para a segmentação e qualificação dos clientes.

Em outras palavras, podemos dizer que a geração de valor começa pelo acesso aos dados dos usuários, passa pela análise desses dados e vai até a criação de soluções para aplicação prática das conclusões.

Para Roberto Campos Neto, “basicamente, a conclusão é que a indústria financeira está virando uma indústria de ciência de dados e que esses dados, de forma bem organizada, vão fazer com que os produtos financeiros tomem um formato diferente, que a gente crie uma segmentação diferente e que atenda a população de uma forma diferente”.

Como as empresas podem aproveitar isso?

A passagem do Open Banking (incluindo apenas instituições financeiras e fintechs) para o Open Finance (incluindo instituições de outros segmentos) é significativa para as empresas brasileiras, podendo contribuir para a captação e retenção de consumidores, assim como para o desenvolvimento de novos produtos, serviços e soluções.

Como? Justamente por meio da análise de dados.

Ou seja, um e-commerce, por exemplo, pode ter acesso aos dados financeiros de seus consumidores (com os devidos consentimentos) e, a partir da análise desses dados, gerar insights para resolver problemas de seus clientes ou para aproveitar novas oportunidades de negócios. Pode, por exemplo, criar homepages personalizadas para cada cliente, apenas com produtos condizentes com os gostos e o perfil financeiro daquele usuário. Pode também criar novas formas de pagamento ou otimizar a logística de entrega, entre outras possibilidades.

Quer dizer, para todos os tipos de instituições (sejam financeiras ou não), o Open Finance permite ter melhor conhecimento das necessidades dos clientes, assim como de seus hábitos e preferências.

É nessas informações que se encontra o valor dos seus dados, já que, a partir delas, as empresas podem criar e oferecer novas soluções, produtos e serviços para os consumidores, além de melhorar cada vez mais a experiência de seus usuários e clientes.

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Quais os ganhos para você?

Se você acompanhou este artigo até aqui, já deve ter percebido que o valor dos seus dados está justamente na geração de valor para você (como consumidor ou usuário).

Ou seja, os dados em si só passam a ser valiosos quando passam por um processo de análise que permite às instituições (financeiras ou não) gerarem novidades para os clientes, influindo na fidelização e no aumento de consumo. Quer dizer, o beneficiário final desse processo é você.

No âmbito financeiro, por exemplo, é provável que o Open Finance gere maior competitividade (reduzindo preços e otimizando condições), acesso facilitado a informações financeiras de forma integrada, processos de compra e pagamento mais práticos e ágeis, entre outras vantagens para os consumidores.

No mercado em geral, esse Sistema Financeiro Aberto deve dar suporte à criação de novos produtos, serviços e soluções, de forma mais personalizada, sempre pensando em melhorar a experiência do usuário.

Além disso, é válido reforçar que o titular tem total poder sobre seus dados. Ou seja, é você quem decide quais instituições vão ter acesso aos seus dados, para quais finalidades e por quanto tempo.

Rui Schneider, presidente da Central SC/RS do Sicoob – um dos maiores sistemas cooperativistas financeiros do país – conclui dizendo que o Open Finance "é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente”.

Aliás, o Sicoob SC/RS estreou, recentemente, um quadro na Band regional (TV Barriga Verde) – o Minuto Financeiro – que, entre outros temas, explica sobre o Open Banking e o Open Finance. Vale a pena ficar atento para saber mais sobre este e outros temas.

Gostou dessa dica? Cooperação começa por aqui, compartilhe esse conhecimento.


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