Impactos sociais e econômicos do Cooperativismo de Crédito

Estudos confirmam os benefícios da atuação das cooperativas financeiras para o Brasil.

Vantagens da Cooperação | 28 de maio de 2020
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Impactos sociais e econômicos do Cooperativismo de Crédito
Impactos sociais e econômicos do Cooperativismo de Crédito


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Com uma “ideologia de progresso social, calcada no auxílio mútuo e na colaboração como soluções para a sobrevivência econômica de indivíduos e o bem-estar de comunidades”, o modelo cooperativista é mundialmente reconhecido por produzir diversos impactos sociais e econômicos positivos nas regiões onde atua.

O relatório técnico Benefícios Econômicos do Cooperativismo de Crédito na Economia Brasileira, apresentado em dezembro de 2019 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), traz diversos dados que corroboram essa afirmação, com destaque para o papel exercido pelas instituições cooperativistas do setor financeiro.

Afinal, como reforçado pelo próprio relatório, “nas economias capitalistas, o sistema financeiro e suas instituições constituem peças fundamentais para o financiamento do crescimento econômico e do progresso social”.

Contudo, no Brasil, o setor creditício ainda é muito concentrado, apresentando altas taxas de juros, tarifas onerosas, excesso de burocracia, além de uma verdadeira desigualdade geográfica.

Diante disso, a participação das cooperativas de crédito no mercado financeiro nacional e os impactos sociais e econômicos gerados por essas instituições tornam-se ainda mais relevantes. Quer ver? Acompanhe:

Acesso ao crédito

De acordo com dados do Banco Central relativos a junho de 2019, do total de 5.570 municípios brasileiros, 2.232 não possuem agências bancárias, sendo que 378 deles não contam com nenhum posto de atendimento. Por sua vez, o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2019 informa que, em 594 municípios do país, as cooperativas de crédito são as únicas instituições financeiras disponíveis. 

Confrontando esses dados, percebe-se que o cooperativismo de crédito é uma verdadeira ferramenta de inclusão financeira, contribuindo para reduzir a desigualdade geográfica apresentada por esse mercado.

Exemplo prático:

O Sicoob – maior sistema de cooperativas financeiras do país – está presente em todos os estados brasileiros, com 2.716 pontos de atendimento distribuídos por 1.795 municípios, sendo que, em 294 deles, o Sicoob é a única instituição financeira disponível.

Além disso, essas instituições também facilitam o acesso ao crédito ao cobrar valores menores por produtos e serviços financeiros similares aos de bancos comuns. Comparando taxas de juros de bancos e cooperativas fica fácil perceber essa diferença.

Com isso, o cooperativismo financeiro ainda acaba por promover uma melhor distribuição de renda, com incentivo à democratização monetária e à movimentação econômica a nível nacional. Mas os benefícios do modelo não param por aí. Confira:

Empregos e negócios

O relatório técnico disponibilizado pela FIPE revela que, em municípios que contam com a presença de cooperativas de crédito, a proporção das vagas de emprego formal em relação à população em idade ativa se eleva em média 6,2%.

Melhor ainda é saber que, além de gerar empregos, o cooperativismo também gera bons negócios. Segundo o estudo da FIPE, há um aumento de 2 estabelecimentos para cada 1.000 habitantes nos municípios em que existem cooperativas financeiras, o que corresponde a um adicional de 15,7% na quantidade de empreendimentos.

Exemplo prático:

Em todo o território nacional, o Sicoob já gerou mais de 41 mil vagas de empregos formais (número total de colaboradores até o momento). Além disso, cerca de 740 mil associados da instituição são pessoas jurídicas. Sem contar que as máquinas de cartões oferecidas pelo Sicoob (Sipag e Sipaguinha) estão em mais de 193 mil estabelecimentos credenciados.

Quando se trata de comércio exterior, o saldo entre importações e exportações também é positivamente influenciado pela presença de cooperativas de crédito, com um incremento de 45,1% na média por habitante (cerca de US$ 90,7).

É válido notar, por sua vez, que esses incrementos no emprego formal, no número de negócios e de empreendimentos, promovidos pela atuação das cooperativas de crédito, além de gerar benefícios econômicos para todo o país, também trazem diversos impactos sociais positivos, seja a nível pessoal, comunitário ou nacional.

Renda per capita

Tendo em vista que a presença de cooperativas financeiras facilita o acesso ao crédito, aumenta o número de empregos formais e as taxas de empreendedorismo, não é de se estranhar que essas instituições também contribuam para a elevação da renda média por habitante.

De acordo com o mencionado levantamento feito pela FIPE, nos municípios que contam com estabelecimentos de crédito cooperativo, os trabalhadores formais ganham, pelo menos, 1% mais no salário médio mensal, em comparação a trabalhadores de outras localidades.

Além disso, nesses municípios em que as cooperativas financeiras estão presentes, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita aumenta em cerca de R$ 1.081, o que significa uma elevação média de 5,6% na renda per capita da região.

Economicamente, essas variáveis são bastante representativas. Mas, também nesse caso, os impactos sociais merecem ser levados em conta. Afinal, o movimento cooperativista está centrado, sobretudo, na valorização das pessoas. E o empoderamento financeiro é apenas uma das formas de contribuir para que todos possam viver melhor.

Aumento da concorrência interbancária

Outra informação muito relevante trazida pelo relatório da FIPE diz respeito a benefícios sistêmicos como a redução do spread bancário, do custo do crédito e das tarifas de serviços do mercado financeiro como um todo.

Como a atuação das cooperativas de crédito contribui para isso? Simples: com o aumento da competição e das alternativas disponíveis, os produtos e serviços financeiros tendem a ser oferecidos de forma mais eficiente, menos onerosa e restritiva.

Em um contexto de concentração bancária, como ocorre no Brasil – refletido pela má distribuição de postos de atendimento, pela concentração dos depósitos à vista e da carteira de crédito em poucas instituições financeiras (bancos comerciais) – "a presença e a expansão da rede de atendimento das cooperativas de crédito, bem como o leque de produtos e serviços oferecidos, constituem uma forma de aumentar a concorrência" interbancária, promovendo os benefícios sistêmicos mencionados.

Índice de Desenvolvimento Humano

De acordo com outro estudo, realizado anteriormente pela FEA-USP de Ribeirão Preto e mais centrado nos impactos sociais do cooperativismo, os municípios que contam com instituições cooperativistas apresentam um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) superior aos demais.

Enquanto a média do IDH em uma cidade sem cooperativas é de 0,66, naquelas em que há uma ou mais cooperativas, esse indicador sobe para 0,70.

Sabendo que o IDH leva em conta três dimensões – renda, saúde e educação – e levando em conta os dados já apresentados, fica ainda mais fácil perceber porquê a presença de cooperativas pode influenciar positivamente em dito índice.

Exemplo prático:

Você já conhece o Instituto Sicoob? Sabia que, além disso, desde 2015, a instituição conta também com o Sicoob Universidade, incluindo programas educacionais e de pesquisa, encontros, seminários, intercâmbios, cursos sob demanda e pós-graduação latu senso? Só em 2018, foram realizadas 5.200 certificações presenciais e 369.669 certificações online de funcionários e dirigentes da instituição.

Afinal, mesmo quando tratamos especificamente de cooperativas de crédito, os benefícios financeiros não são o único objetivo. Entre os próprios princípios cooperativistas encontramos, por exemplo, o da Educação, Formação e Informação, assim como o do Interesse pela Comunidade. Além do mais, como mencionado, o cooperativismo está sempre focado na valorização das pessoas. E é por isso que os impactos econômicos gerados são sempre voltados à promoção de impactos sociais positivos e significativos, contribuindo com o benefício de todos.

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