Destaques do World Cooperative Monitor 2020

O impacto do cooperativismo frente à COVID e à ação climática.

Vantagens da Cooperação | 12 de março de 2021
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WCM 2020
World Cooperative Monitor
O impacto do cooperativismo frente à COVID e à ação climática.
O impacto do cooperativismo frente à COVID e à ação climática.


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Desde 2011, a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e o Instituto Europeu de Investigação em Empresas Sociais e Cooperativas (Euricse) desenvolvem o World Cooperative Monitor (WCM) – um banco de dados multidimensional sobre o valor socioeconômico e o impacto das instituições cooperativas, tanto a nível global quanto nacional e regional.

Como afirma o diretor geral da ACI, Bruno Roelants, “o World Cooperative Monitor é uma ferramenta de construção cooperativa que exige uma colaboração real entre distintas cooperativas e grupos cooperativos”.

Anualmente, ACI e Euricse disponibilizam, ainda, um relatório completo do WCM, incluindo – desde 2016 – o ranking Top 300 com a classificação das cooperativas que mais se destacaram no relatório.

No último dia 20 de janeiro, ambas instituições realizaram um webinar especial para o lançamento do relatório World Cooperative Monitor 2020. O documento completo também já está disponível online (aqui, apenas em inglês).

Refletindo a realidade mundial, o WCM 2020 ainda inclui dois capítulos especiais dedicados a dois grandes desafios contemporâneos: a COVID-19 e a mudança climática. Afinal, como comentou o secretário geral do Euricse, Gianluca Salvatori, “o WCM nos demonstra que necessitamos aprender uns com os outros”.

Portanto, vale a pena conferir alguns destaques do relatório e aproveitar para entender melhor o impacto da atuação cooperativista mundo afora.

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– O cooperativismo no enfrentamento
à COVID-19

Durante o webinar de apresentação do WCM 2020, Bruno Roelants ressaltou que – frente à pandemia de coronavírus – as cooperativas membro da ACI demonstraram grande resiliência e atuaram de maneira proativa para dar resposta às necessidades da população.

Corroborando o comentário do diretor da ACI, Gianluca Salvatori ainda afirmou: “A pandemia de COVID-19 conferiu um novo valor ao papel das cooperativas e das empresas do âmbito da economia social. É possível que, depois da pandemia, o papel desses organismos seja ainda mais importante.”

Na versão escrita do relatório WCM 2020, por sua vez, encontra-se uma análise ainda mais detalhada dessa questão.

Segundo o documento, “a adaptabilidade e a flexibilidade demonstradas [pelas cooperativas] durante a última crise econômica [crise financeira global de 2008] também estão sendo demonstradas durante a atual pandemia global. Apesar da recessão econômica, muitas cooperativas de todos os continentes colaboraram e se adaptaram à situação, adotando medidas para tornar seu negócio mais sustentável e ajudar a sociedade em geral.”

Exemplificando esse e outros comentários a respeito do tema, o relatório ainda inclui neste capítulo o case “Ajudando freelancers a superar a crise de COVID”, que trata sobre o ‘Plano Corona’ – iniciativa da cooperativa européia Smart para oferecer a seus cooperados respostas ao cancelamento de atividades, estímulos de recuperação e outras medidas de apoio.

Sara de Heusch, integrante da Smart, comenta: “Não foi fácil, mas os valores cooperativistas e as reservas econômicas de que disponíamos nos ajudaram a instaurar medidas solidárias para apoiar os membros.”

Para saber mais sobre as ações das coops brasileiras frente à COVID, leia: Cooperar também é pensar nas comunidades

– O ODS 13 e a ação climática

Em sintonia com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e também com o tema definido pela ACI e pela COPAC para o Dia do Cooperativismo 2020 – Cooperativas para a Ação Climática –, o relatório do WCM 2020 dedica um capítulo especial ao assunto.

De acordo com o documento – apesar de que "em 2018, mais de 39 milhões de pessoas foram afetadas por calamidades e desastres naturais" e de que 2019 tenha sido o segundo ano com as maiores temperaturas registradas na história – em 2020, "devido à pandemia, a sustentabilidade ambiental e outras metas do desenvolvimento sustentável foram, de alguma forma, enterrados nas agendas governamentais."

Ao mesmo tempo, o relatório ainda afirma que "é plausível supor que o período de recuperação que se seguirá à pandemia oferecerá uma oportunidade para acelerar a transição para uma economia mais verde e sustentável e, nessa transformação, a contribuição das cooperativas será fundamental.”

Nesse sentido, o documento inclui também, neste mesmo capítulo, uma entrevista com Peter Westall, diretor de valores da Midcounties Cooperative e líder do grupo de trabalho 3 do Think Tank de Empreendimento Cooperativo Internacional (ICETT), com foco no ODS 13 (ação climática).

Integra esta mesma seção o case da cooperativa financeira holandesa Rabobank, que promove a agricultura sustentável, os métodos de reflorestamento e a geração de energia limpa, entre outras iniciativas.

Além deste, o relatório ainda demonstra que “existem muitos exemplos de como as cooperativas já contribuem para a construção de uma sociedade mais verde. Na África, as cooperativas têm apoiado as comunidades locais na luta contra o desmatamento (…) Em outros lugares, as cooperativas agrícolas têm apoiado as comunidades na resposta e na redução do impacto dos desastres naturais relacionados às mudanças climáticas, bem como no apoio aos agricultores locais na adoção de prática agrícolas sustentáveis e mais eficientes (…) As cooperativas de energia têm oferecido tecnologias sustentáveis para a produção de energia limpa (…), e as cooperativas de consumidores se comprometem em garantir cadeias produtivas mais sustentáveis e reduzir o desperdício”.

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– Resultados econômicos do WCM 2020

De acordo com o Top 300 incluído no relatório do World Cooperative Monitor 2020 (que leva em consideração os dados econômicos de 2018), juntas, as 300 cooperativas do ranking declararam um volume de negócios superior aos US$ 2 bilhões.

Instituições cooperativistas brasileiras, argentinas e colombianas, entre outras, também aparecem na lista, ainda que a maioria das cooperativas classificadas pertençam a países mais industrializados: foram 74 estadounidenses, 44 francesas, 30 alemãs e 24 japonesas.

Vale observar ainda que, entre as cooperativas do ranking, 104 são coops do setor agropecuário, 101 são coops de seguros e as coops do setor de atacado e varejo vêm em terceiro lugar, com 57 instituições incluídas entre as Top 300 2020.

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