No dia 08 de março deste ano, aconteceu o CoopTalks Perspectivas 2021, um evento com o objetivo de “inspirar novas perspectivas sobre temas fundamentais ao cooperativismo, como economia, diversidade, inovação e comunicação”.
Realizado no Dia Internacional da Mulher, esse ciclo de palestras online foi capitaneado por doze especialistas femininas de diversos ramos.
Vale dizer que os CoopTalks são eventos realizados pela MundoCoop – a primeira revista independente do cooperativismo brasileiro de abrangência nacional, lançada em 1999, que hoje já se tornou uma plataforma completa de comunicação.
Aliás, nos 10 e 11 deste mês ocorre também o CoopTalks Agro, para discutir os desafios do setor e fomentar ideias para trazer novos horizontes.
Mas antes disso, confira alguns dos destaques do CoopTalks Perspectivas 2021:
Com uma linguagem simples e próxima, a economista Rita de Cássia Mundim comandou a palestra Análise Macroeconômica e Cenários.
De forma descomplicada e visual, Rita analisa os principais índices e fatores econômicos, explicando que, durante o ano passado, a recessão brasileira (de 4,1%) foi inferior à previsão feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 4,5%.
Segundo ela, outro ponto importante, que acabou passando quase desapercebido, foi o efeito da redução da taxa básica de juros, a Selic, provocando uma transformação estrutural na economia: com mais dinheiro direcionado ao financiamento de negócios do que para o mercado financeiro.
“Nós passamos a ser o país do empreendedorismo, um país onde a taxa de juros nos permite e nos leva para a produção. (…) Essa foi uma mudança estrutural que já está mostrando os frutos. Nunca houve um crescimento tão grande, por exemplo, do mercado imobiliário. O financiamento imobiliário no Brasil mais do que dobrou de 2019 pra 2020. E é por isso que nós temos aí essa projeção de um crescimento da economia para 2021”, diz Mundim.
Por outro lado, a especialista reconhece a pressão inflacionária que vem ocorrendo – principalmente, em combustíveis e alimentos – mas comenta que se trata de uma realidade global.
Ainda assim, Rita se mostra otimista, comentando que a atividade econômica no país já está quase em nível superior ao que era antes da pandemia. Ela também demonstra que a medida do risco Brasil vem caindo e acredita que, com o andamento das reformas administrativas e econômicas, a cotação do dólar também deve ser controlada.
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Outras sessões de destaque do CoopTalks Perspectivas 2021 foram as comandadas por Cristina Kerr, CEO da CKZ Diversidade, e Tania Zanella, gerente geral da OCB, focadas na participação feminina no cooperativismo e no mercado em geral.
Cristina começa explicando sobre a importância de contar com a diversidade – que não se refere só a minorias, mas à participação de todos – aliada à inclusão, enumerando alguns dos impactos positivos trazidos pela participação das mulheres nos negócios.
De maneira didática e inspiradora, a especialista ainda demonstra como alguns estereótipos, preconceitos e crenças podem ser gerados ainda na infância, acabando por criar vieses de gênero inconscientes que afetam negativamente as profissionais mulheres.
Concluindo, ela diz: “Existem mulheres fortes e existem mulheres que ainda não sabem que são fortes.” Vale a pena conferir o vídeo.
A gerente geral da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Tania Zanela, por sua vez, incita o público a pensar “não mais no porque, não mais na importância [da participação feminina]” – já que isso, segundo ela, já é de conhecimento geral –, “mas sim nas formas, no como se pode criar esses espaços favoráveis para as mulheres ocuparem de fato seus lugares”.
Nesse sentido, Tania comenta que o Sistema OCB tem atuado com diligência: sendo parceiro da ONU nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – incluindo o da Equidade de Gênero –; havendo aberto espaço no 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo, em 2019, para uma sessão exclusivamente feminina, discutindo propostas em prol do protagonismo da mulher; e tendo instituído posteriormente um Comitê de Mulheres dentro da própria OCB para dar continuidade a essas discussões.
Ao falar sobre perspectivas 2021, os temas tecnologia, inovação e tendências não podiam ficar de fora.
A especialista em inovação digital Sandra Turchi, a diretora de conteúdo e marketing da HSM e SingularityU Brazil, Poliana Reis Abreu, e a cofounder da AgTech Garage, Adriana Lúcia da Silva, foram as palestrantes que se focaram nesses temas no último CoopTalks.
Com leveza e bom humor, Sandra Turchi explica como a tecnologia pode apoiar a reinvenção profissional. Apesar da palestra ser focada no público feminino, a especialista traz recomendações que servem para todos, com conselhos sobre a utilização dos canais digitais e das mídias sociais, dicas de aplicativos e muito mais, além de contar sobre seu próprio processo de reinvenção profissional. Um exemplo valioso.
Enquanto isso, Poliana Reis Abreu, da HSM, destaca o papel do conteúdo na construção da marca, contribuindo para a promoção da identidade das instituições, para gerar confiança e credibilidade, assim como para a fidelização de clientes.
Recheando sua apresentação com exemplos práticos e interessantes, Poliana ainda dá dicas de como organizar estratégias de conteúdo relevantes, com atenção para a curadoria e conexão, para o formato e para a originalidade do que se deseja transmitir.
Adriana Lúcia da Silva, por sua vez, fala sobre a nova dinâmica da inovação, com foco no setor agropecuário, mais especificamente, desde o ponto de vista das agrotechs.
A especialista comenta sobre tendências como: a robotização da mão-de-obra – que já vem sendo desenvolvida, inclusive, por algumas startups, e foi acelerada pela pandemia –; o crédito específico para o agro; o uso da informação integrada; e a sustentabilidade com base na rastreabilidade dos produtos.
Segundo ela, essas mudanças, causadas pela inserção de novas tecnologias, são cada vez mais rápidas, largas e profundas. E a inovação aberta tem sido uma forma cada vez mais utilizada para acelerar esses processos, reduzindo custos e sendo mais eficiente.
Em um evento cooperativista, também não podiam faltar debates sobre as questões sociais e ambientais, tendo em vista que o cooperativismo é um modelo focado nas pessoas e tem como um de seus princípios o Interesse pela Comunidade.
Nesse contexto, destacam-se as apresentações da professora e palestrante Maria Flávia Bastos e da presidente da Cooperativa dos Extrativistas da Floresta Nacional dos Carajás, Ana Paula Ferreira.
Para falar sobre ESG – sigla em inglês para a gestão ambiental, social e corporativa –, Maria Flávia começa tratando da definição de afeto, que está relacionado com a afeição, mas também com a capacidade de afetar-se.
Segundo ela, a nova geração tem maior capacidade de afetar-se com questões sociais e ambientais. Além disso, a própria pandemia também pode ser vista como uma oportunidade para repensar nosso posicionamento em relação a esses temas.
A professora ainda traz diversas iniciativas que exemplificam esse esforço de equilíbrio entre o lucro e o benefício socioambiental: desde os movimentos Capitalismo Consciente e Economia de Francisco até modelos como a economia compartilhada e a economia circular, com destaque para as práticas cooperativas.
De acordo com Maria Flávia, “ESG é sobre fazer a coisa certa para os negócios, a sociedade e o planeta”.
A apresentação da presidente da Coex Carajás, por sua vez, é pura inspiração, já que Ana Paula Ferreira fala dessas questões socioambientais desde uma perspectiva prática, a de quem vive na pele tudo isso.
Ana Paula – que entrou na cooperativa como estagiária e, atualmente, já é uma liderança reconhecida da instituição – baseia-se em sua própria história e em suas experiências pessoais para afirmar que o cooperativismo, além de gerar renda, traz muitos resultados positivos para a vida das pessoas, e não apenas dos cooperados, mas também das comunidades.
Vale dizer que a Coex Carajás destaca-se pela extração sustentável das folhas de jaborandi, de onde se extrai o princípio ativo para o colírio contra o glaucoma. Além disso, a cooperativa paraense ainda ajuda na recuperação da floresta.
Sendo a única mulher em meio a 35 cooperados do sexo masculino, Ana Paula ainda conclui: “Nós mulheres somos potência e somos capazes de romper fronteiras que você nunca imaginou que um dia você conseguiria alcançar na vida.”
Para fechar o CoopTalks Perspectivas 2021 ocorreu o Painel Lideranças em Foco, com a participação da presidente executiva do Sicoob Cecres, Taís di Giorno, da diretora de administração e finanças da Unimed do Brasil, Viviane Vieira Malta, da presidente da Cooperativa Coletiva, Maíra Santiago, e da consultora em sucessão familiar Mariely Biff.
Para a educadora e roteirista Maíra Santiago, da Cooperativa Coletiva, são três as habilidades chave para desenvolver a liderança. A primeira é a curiosidade, para enxergar as virtudes e carências do outro, desenvolvendo a empatia. A segunda é a compatibilidade, já que um líder deve identificar-se com a bandeira que levanta, contando com vontade pessoal e agindo em coerência com o que prega. E a terceira é a comunidade, envolvendo as noções de democracia, responsabilidade social e solidariedade.
Enquanto isso, a médica pediatra Viviane Malta fala da liderança a partir de uma perspectiva mais pessoal, comentando sobre suas próprias experiências, já que ela foi, em 2009, a primeira mulher presidente da Unimed Maceió, assumiu em 2012 a Federação das Unimeds do estado de Alagoas e, desde 2017, é diretora de Administração e Finanças da Unimed do Brasil, tendo sido também a primeira mulher a assumir um cargo como esse no sistema nacional.
Com muita autenticidade e simpatia, Taís di Giorno, do Sicoob Cecres, por sua vez, reforça a ideia da liderança baseada no autoconhecimento, na autoconfiança e na resiliência.
Ela diz que muitas vezes as próprias mulheres também acabam concordando, aceitando ou contribuindo para o protagonismo masculino e conta que, por muito tempo, ela mesma tentou moldar-se ao estereótipo masculino, para ser melhor aceita no mundo corporativo.
Mas uma viagem ao Vale do Silício a fez mudar de ideia. “A inovação não passa só pela tecnologia, ela passa também por novas formas de pensar”, diz Taís, contando que aprendeu a reconhecer que todos nós temos as nossas personas (adotando diferentes condutas dependendo do contexto), mas temos também uma essência que deve ser respeitada.
Tratando de diversos pontos relativos à liderança e ao empoderamento feminino, a apresentação da consultora Mariely Biff fechou com chave de ouro o painel final do CoopTalks Perspectivas 2021.
A especialista comenta, por exemplo, que, em sua opinião, empoderamento significa ter liberdade emocional e financeira e que, para sermos protagonistas de nossas histórias, é preciso fazer o que nos faz feliz. Nesse sentido, ela diz ainda que representatividade, para ela, é fazer com amor, independentemente do cargo.
Às mulheres que desejam ser líderes, Mariely propõe ainda que se perguntem se a busca dessa trajetória profissional é devido a um sonho próprio ou está mais relacionada com a necessidade de provar sua própria competência, reforçando que cada pessoa precisa saber qual é seu ponto de partida e qual o ponto de chegada almejado, para conseguir realizar seus projetos.
Confira a playlist completa com todos os vídeos do CoopTalks Perspectivas 2021.
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