Mais do que uma simples tendência, a sustentabilidade – sobretudo, em sua abordagem ESG (ambiental, social e governança; em tradução ao português) – tem se tornado uma verdadeira demanda do mercado. Nesse contexto, as cooperativas (em geral) ganham destaque, por já adotar, desde sua origem, princípios mais justos e humanos. Mas você sabe qual é a relação que existe especificamente entre cooperativismo financeiro e ESG?
É válido esclarecer que as cooperativas financeiras (também chamadas de cooperativas de crédito) são instituições financeiras (com produtos e serviços similares aos de bancos comuns) que fazem parte do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e são supervisionadas pelo Banco Central (BC) e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Com isso, é fato que, assim como as demais instituições do setor, as cooperativas financeiras também devem seguir os preceitos estabelecidos por essas autoridades nacionais, como é o caso da Agenda ESG do Banco Central, que determina, entre outras medidas, o gerenciamento de riscos sociais, ambientais e climáticos.
Só que, além de seguir essas determinações gerais, válidas para todas as instituições do setor, as cooperativas financeiras possuem uma série de diferenciais – advindos do próprio modelo cooperativista – que as aproximam ainda mais da cultura ESG.
Quer entender como isso acontece na prática? Acompanhe e saiba mais sobre a relação entre cooperativismo e ESG:
Em um artigo recente sobre cooperativismo financeiro e ESG, o diretor de coordenação sistêmica e relações institucionais do Sicoob – sistema de cooperativas financeiras presente em todos os estados brasileiros – Ênio Meinen afirma:
“A expectativa é que as entidades cooperativas impulsionem as finanças sustentáveis, com ênfase a projetos da chamada economia verde ou de baixo carbono, zelando pelo equilíbrio ambiental e respeitando as fragilidades e limitações do ecossistema local e regional”.
Segundo Meinen, complementarmente, as cooperativas do ramo financeiro “podem estender a sua contribuição com recursos financeiros e esforços pessoais de suas lideranças e de seus executivos em medidas de proteção e revitalização do meio-ambiente”.
Para entender como ocorre na prática essa relação entre o cooperativismo financeiro e a vertente ambiental do ESG (E de environmental = meio ambiente), é proveitoso observar o exemplo do próprio Sicoob, já que algumas das cooperativas singulares do sistema já oferecem linhas de crédito específicas para projetos agropecuários sustentáveis, como a linha Crédito Rural Verde, assim como linhas específicas para aquisição de fontes de energia limpa (como painéis solares).
É válido comentar ainda sobre alguns projetos realizados pelo Sicoob SC/RS (central do Sicoob que atua na região Sul do país) e por suas cooperativas singulares, como:
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Em seu artigo sobre cooperativismo financeiro e ESG, Ênio Meinen afirma:
“Antes de tudo há que se ressaltar que o cooperativismo é um movimento de ´portas abertas´, acolhedor de todas as raças, de todas as cores, de todos os credos e das diferentes ideologias, e que recepciona os seus membros sem discriminá-los ou distinguí-los em razão da condição econômica, social ou cultural. Por conseguinte, a quem quer e, sobretudo, precisar, é permitido usufruir dos benefícios da cooperação”.
O executivo também comenta sobre o fato de as cooperativas financeiras serem empreendimentos humanizados, com resultados compartilhados entre todos e sobre o estímulo dado por essas instituições ao consumo consciente, notadamente por meio da educação financeira – diferenciais que nos levam ainda a relembrar sobre o fato de que as cooperativas retêm recursos em sua área de atuação, colaborando para a melhor distribuição de renda, para a geração de empregos e para alavancar a economia local.
Nesse contexto, observando novamente o exemplo do Sicoob SC/RS, podemos perceber que a relação entre cooperativismo financeiro e ESG – no que se refere à vertente social (S) – também ocorre na prática por meio de projetos como:
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A recém mencionada participação feminina é um dos temas apontados por Ênio Meinen ao tratar da vertente governança (G) na relação entre cooperativismo financeiro e ESG. Segundo ele, dita participação “é imprescindível para que as cooperativas possam reputar-se verdadeiramente inclusivas e adeptas da diversidade e do equilíbrio de gênero”.
No que diz respeito à governança cooperativa, Meinen ainda ressalta que “atributos como transparência, equidade, integridade e responsabilidade corporativa e social hão de ser especialmente cultivados na prática”; além de fazer referência à necessária formação e aperfeiçoamento dos colegiados e à preservação da identidade cooperativa.
Nesse sentido, cabe destacar ainda outras ações práticas do Sicoob que, além de prezar pela conformidade com as normas e regras do setor, desenvolve e aplica em todas as suas unidades diversas políticas próprias para garantir uma atuação ética, responsável e segura; entre elas:
Além disso, é válido mencionar que o Sicoob investe constantemente no aprimoramento de todos os seus integrantes, disseminando os valores do cooperativismo e promovendo treinamentos frequentes. No caso do Sicoob SC/RS, por exemplo, durante 2021, foram realizadas, no total, 780.725 horas de treinamentos internos.
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Diante dos exemplos vistos até aqui, fica clara a intensa relação já existente entre cooperativismo financeiro e ESG.
De todo modo, o diretor-presidente do Sicoob, Marco Aurélio Almada, faz questão de frisar que todo esse compromisso das cooperativas financeira com as questões ambientais, sociais e de governança “nós não assumimos originalmente por causa da pauta ESG, nós assumimos por causa da doutrina que a gente está trazendo lá de trás”, diz Almada, fazendo referência à doutrina cooperativista.
Ainda assim, o executivo reconhece que, mesmo que o cooperativismo já tenha isso no DNA, as novas demandas ESG trazem novos graus de desafios que precisam ser superados por todos, inclusive pelas cooperativas.
Sabendo disso, a Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras) está realizando o Programa Confebras ESG para ajudar a orientar e engajar cooperativas financeiras de todos os portes, além de reconhecer as melhores práticas cooperativistas relacionadas a essa temática.
O Programa acontece em três fases:
1 – Comprometimento: focada em ações educativas, inclui cursos virtuais, workshops e lives, que serão realizados até o final de 2022.
2 – Engajamento: continuidade das ações inspiracionais, com determinação da régua de aprendizado e estímulo ao desenvolvimento de estratégias ESG.
3 – Consolidação: reconhecimento das melhores práticas implantadas por meio do Prêmio Concred ESG, que será lançado no 14º Concred – Congresso que acontecerá de 10 a 12 de agosto, em Recife.
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