2022, o ano das Cooperativas Financeiras

Em contínuo crescimento, cooperativas devem ampliar sua participação no SFN em 2022.

Vantagens da Cooperação | 28 de dezembro de 2021
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Com o apoio do BC e aproveitando oportunidades como o Open Banking, 2022 tem tudo para ser o ano das cooperativas.
Com o apoio do BC e aproveitando oportunidades como o Open Banking, 2022 tem tudo para ser o ano das cooperativas.


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Este ano, o mercado financeiro nacional passou por significativas transformações. O fortalecimento do PIX como meio de pagamento e o avançado estado de implementação do Open Banking dão evidência de dita evolução. Agora, diante desse contexto, 2022 tem tudo para ser o ano das Cooperativas Financeiras.

Para entender essa relação, é válido saber, em primeiro lugar, que as cooperativas do ramo financeiro são instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) que oferecem produtos e serviços similares aos de bancos tradicionais. Só que as cooperativas são formadas por seus associados e não visam ao lucro. Por isso, além de cobrar taxas bem menores do que as de bancos comuns, distribuem sobras quando há resultados positivos e ainda oferecem outras vantagens.

Além disso, o próprio Banco Central (BC) reconhece o importante papel das cooperativas do ramo para ampliar a inclusão financeira dos brasileiros, assim como para estimular a educação financeira no país.

É exatamente por isso que o BC deseja que as cooperativas financeiras consigam expandir seu alcance no SFN, chegando a 22% de participação até o próximo ano. De fato, esse é um dos objetivos da Agenda BC# para 2022, assim como o aumento do crédito tomado pelos cooperados dentro do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), o aumento de participação de cooperados com baixa renda e a expansão dessas instituições nas regiões Norte e Nordeste.

A boa notícia é que esse desejado avanço do cooperativismo financeiro pelo país já vem ocorrendo. Como disse o diretor-presidente do Sicoob - um dos maiores sistemas cooperativos financeiros do Brasil -, Marco Aurélio Almada, mesmo com a pandemia, o movimento “passou por esse obstáculo e saiu fortalecido, mostrando o seu verdadeiro propósito de existência: promover a prosperidade e a justiça financeira nos quatro cantos do país”.

Saiba mais sobre o tema:

As cooperativas seguem crescendo

Você sabia que já são cerca de 13,5 milhões os brasileiros associados a uma cooperativa financeira? De acordo com dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB), em 2020, o número de cooperados do ramo crédito era de 11,9 milhões. Enquanto isso, estatísticas apuradas pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras) apontam que, até junho deste ano, houve um crescimento superior a 10% nesse total de cooperados, chegando a 13.490.576.

É bem possível que um dos motivos desse crescimento seja o reconhecimento das cooperativas financeiras como boas alternativas para conseguir crédito com melhores condições.

O próprio Banco Central, em seu Relatório de Economia Bancária de junho de 2020, afirmou que as cooperativas financeiras são uma opção mais justa para pequenos negócios na hora de obter empréstimos, em virtude das taxas de juros mais baixas que oferecem e do aumento de spreads consideravelmente menor.

Corroborando essa ideia, pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que o Sicoob foi a instituição financeira nacional em que os pequenos negócios obtiveram mais sucesso ao buscar crédito durante a pandemia.

De acordo com o professor do ISAE/FGV Mauri Alex de Barros Pimentel, somadas, essas instituições “já representam 10,74% do estoque de empréstimos e financiamentos do Brasil. Se fossem um banco, seriam o sexto maior do país em tamanho de carteira”.

De todo modo, as vantagens do cooperativismo financeiro vão muito além da concessão de crédito, o que tem motivado também o crescimento de outros indicadores, como o número de pontos de atendimento espalhados pelo Brasil.

Tendo a proximidade com os cooperados como um dos seus pilares,  as cooperativas financeiras vêm expandindo sua rede de atendimento. De acordo com os dados apurados pela Confebras, já são mais de 7.500 pontos no total.

O Sicoob, por exemplo, reúne mais de 3.500 dessas unidades, espalhadas por todas as unidades da federação e planeja seguir ampliando sua rede de atendimento. Aliado a isso, a instituição ainda oferece diversos canais e produtos digitais, como o Sicoob Moob, a conta Yoou, o shopping virtual Coopera, entre outros.

É com base nesse ritmo crescente de expansão do cooperativismo financeiro pelo país que surge a ideia de que 2022 será o ano das cooperativas financeiras.

Desafios para 2022

Na opinião da consultora e especialista em gestão empresarial e gestão de cooperativas, Kely Freitas, a comunicação é peça-chave para que as cooperativas financeiras sigam expandindo-se pelo país e possam alcançar os objetivos da Agenda BC#, fazendo com que 2022 seja realmente reconhecido como o ano das cooperativas financeiras.

“Quanto mais pessoas conhecerem o cooperativismo, mais pessoas estarão à porta”, comenta a especialista. “É preciso comunicar mais o que é o cooperativismo (...) mostrar o movimento na prática, como ele faz diferença nas comunidades (...) evidenciar os diferenciais do setor, mostrando o seu lado humano mesmo numa era digital. Mostrar como o modelo pautado nas relações traz benefícios não só para o cooperado como indivíduo, mas também para todos que estão inseridos em seu ecossistema”, completa Kely Freitas. 

A consultora ainda reforça a importância da formação cooperativa e do estímulo à educação financeira, como formas de fortalecer o movimento e criar mais oportunidades para todos.

A transformação física e digital das cooperativas financeiras é outro ponto que, na opinião de Freitas, deve ser levado em conta por essas instituições em seu caminho de expansão. Nesse sentido, é válido observar que, se 2021 foi o ano da LGPD, 2022 será o ano do Open Finance e do ESG.

Vamos falar mais sobre isso:

O ano das cooperativas está para começar

“Com o avanço nas fases do Open Banking, o ano de 2022 deve ser marcado por um avanço ainda maior das cooperativas de crédito, fenômeno que já vem acontecendo”, afirma o CEO da CashWay, Felipe Santiago.

O fluxo mais transparente de informações entre as instituições, promovido pelo Open Banking, deve estimular a concorrência entre as instituições financeiras, dando às cooperativas do ramo a oportunidade de apresentar suas vantagens a um público ainda maior.

Para Santiago, “a implementação do Open Banking em um contexto de maior procura por empréstimos será uma oportunidade ímpar para que as cooperativas, dentro da missão de gerar inclusão financeira, cresçam ainda mais”.

É preciso levar em conta ainda que, em 2022, entram em vigor as novas regulamentações ESG (relativas a riscos ambientais, sociais e climáticos) para o Sistema Financeiro Nacional, publicadas pelo Banco Central em setembro.

De todo modo, como as cooperativas - devido aos próprios princípios do movimento - já costumam atuar de maneira mais sustentável, com alta consciência socioambiental, é possível, inclusive, que essas instituições venham a servir de exemplo para outras do setor, demonstrando que é possível, sim, oferecer produtos e serviços financeiros com condições mais justas e de forma mais humana, trazendo benefícios para todos.

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