Moradia: compra, aluguel e outras opções

O que é mais vantajoso? Há outras alternativas de moradia?

Guia de Bolso | 07 de julho de 2017
aluguel
compra
imóveis
investimento
moradia

O investimento em imóveis, há décadas, é um dos preferidos do brasileiro, principalmente pela segurança material que essa aplicação oferece. Muita gente ainda alia a isso, o sonho da casa própria. Assim, comprar um imóvel, muitas vezes, é visto como um bom investimento em seu patrimônio pessoal e/ou familiar. Mas será mesmo?

A resposta à essa pergunta, na verdade, depende de seus objetivos e prioridades. De qualquer forma, se pensarmos estritamente pelo lado financeiro, muito do que se acredita sobre o investimento em um imóvel para morar acaba se mostrando incompatível com a realidade.

Em todo caso, é preciso considerar não apenas o aspecto financeiro, mas também os seus sonhos e as suas preferências, sem esquecer de garantir sua tranquilidade e segurança, independente da forma de moradia escolhida.

Então, para decidir-se melhor, confira algumas análises e comparações e conheça também outras opções de moradia:

 

– Alugar é jogar dinheiro fora?

Muita gente acredita que o dinheiro gasto com o aluguel de um imóvel para moradia é um dinheiro jogado fora. Afinal, em vez de estar investindo em algo que será seu, você estaria apenas pagando pela moradia, sem benefícios futuros.

Contudo, é preciso analisar os custos de outras alternativas de moradia para conferir se o aluguel é realmente uma opção desvantajosa ou não.

Se considerarmos, por exemplo, a compra de um imóvel (como a solução para investir em algo que será seu), devemos lembrar também que a principal forma de aquisição da casa própria ainda é o financiamento imobiliário.

Optando pelo financiamento, você, certamente, terá de pagar juros mensais, durante um longo prazo. E por mais que as taxas de juros pareçam pequenas se olhadas apenas as porcentagens, elas podem acabar sendo, até, mais altas do que o valor de um aluguel mensal.

Ou seja, em um financiamento imobiliário você também pode acabar “jogando dinheiro fora” na forma de juros pagos ao banco.

Ainda assim, há quem argumente: “o imóvel é financiado, mas é meu”. Porém, se pensarmos bem, os juros do financiamento são como um aluguel que se paga ao banco. Afinal, durante toda a operação de financiamento, o imóvel fica alienado ao banco, que pode retomar o bem, em caso de inadimplência. Então, o imóvel financiado não é exatamente seu. Você concorda? Confira a próxima questão:

 

– Afinal, comprar imóvel é mais vantajoso que alugar?

Antes de tudo, é preciso observar que a comparação entre a compra e o aluguel de um imóvel não envolve apenas a questão financeira. O sonho de ter a casa própria faz parte de uma cultura que permeia gerações.

De qualquer forma, se formos fazer as contas, normalmente, alugar costuma ser uma alternativa mais vantajosa financeiramente do que comprar um imóvel. Ainda mais se você investir o dinheiro que empregaria no financiamento de forma a fazê-lo render mais.

 

Veja só este exemplo:

Imóvel de 68,7 m2

Preço do imóvel para venda: R$ 500 mil

Preço do imóvel para aluguel: R$ 2.267,43

Valorização do imóvel (superestimada): 14,25% a.a.

 

Financiamento:

Entrada = 20%

Tempo: 240 meses (20 anos)

Inflação anual (baseada em 2016): 6% ao ano

Juros anuais do financiamento: 9,10% (CET 9,8% a.a.)

1ª parcela = R$ 4.752,68 (Tabela SAC)

Última parcela = R$ 1.760,69

 

Investimento:

Juros anuais de um investimento conservador: 14,25%

Desconto de IR do investimento: 15% sobre a rentabilidade

 

Nesse caso, a simulação do financiamento foi feita pela Tabela SAC (a mais utilizada), que conta com amortização constante, mas na qual varia o preço de cada parcela de acordo com a incidência de juros sobre o saldo devedor. Assim, o valor da última parcela (R$ 1.760,69) é o que corresponde ao valor da amortização mensal. E observe-se que a primeira parcela (R$ 4.752,68) é tão superior à última exatamente devido às taxas aplicadas.

Portanto, imagine se você – em vez de investir por 20 anos em um financiamento – decidisse alugar um imóvel similar (pagando os R$ 2.267 de aluguel) e usasse o resto do dinheiro que pagaria na mensalidade do financiamento (ex.: 4.752,68 – 2.267,43 = 2.485,25) para investir, todo mês, em uma aplicação segura e com bons rendimentos. Fazendo isso, você poderia comprar o imóvel à vista em aproximadamente 15 anos (5 anos antes do que com o financiamento). E se resolver continuar com sua aplicação por esses 5 anos, ainda pode ter uma renda extra bem interessante.

Ou seja, mesmo para quem sonha em comprar a casa própria, uma estratégia financeiramente melhor pode ser alugar um imóvel mais barato, durante algum tempo, e investir o dinheiro que aplicaria em um financiamento de forma a conseguir rendimentos para adquirir o imóvel à vista futuramente. Só é preciso ter disciplina e determinação para poupar e investir seu dinheiro com esse objetivo.

 

– Vale a pena construir?

Financeiramente, não costuma valer a pena construir um imóvel. É claro que há vantagens intangíveis na construção da casa própria, como o fato de poder escolher exatamente cada detalhe, da estrutura aos materiais de acabamento. Mas, normalmente, essa opção demanda uma boa disponibilidade de dinheiro em caixa (disponível para uso), além de tempo para acompanhar o projeto e a obra, assim como a tomada de providências burocráticas, envolvendo alvarás, averbações, etc.

Mas quem prefere mesmo optar pela construção, pode buscar alternativas como: permutas com construtoras para edificação de várias unidades em um terreno de sua propriedade (sendo uma ou mais destinadas a você, conforme contrato); casas pré-fabricadas com preços mais em conta; ou, até, montagens em containers – uma opção inovadora e sustentável.

 

– E se eu não quiser ter um imóvel próprio?

Nossa casa está muito associada ao nosso estilo de vida. Assim, além das opções tradicionais de compra, construção ou aluguel, há também quem prefira outras formas de negociação.

Para algumas pessoas, por exemplo, dividir o aluguel com um amigo, ou mesmo com outro inquilino, pode ser uma forma de viabilizar custos ou até de encontrar mais companhia e segurança.

Há também quem não deseje fixar-se em uma residência específica. Principalmente nas novas gerações, Y e Z – mais adeptas da flexibilidade e do dinamismo – é possível encontrar pessoas que confessem não ter o sonho de adquirir a casa própria e prefiram a possibilidade de trocar de moradia quando quiserem. É o caso, por exemplo, dos nômades digitais, viajantes que costumam ter negócios online, podendo trabalhar e morar em qualquer lugar do mundo.

De qualquer forma, seja qual for a opção de moradia escolhida, é importante manter um bom acompanhamento do seu orçamento e um bom controle financeiro, de preferência, poupando e investindo seu dinheiro para fazê-lo render mais e, assim, garantindo mais segurança e tranquilidade, independente da forma de moradia.

 

– O que é senior cohousing?

Outra opção de moradia inovadora, que começou com iniciativas na Europa e nos EUA, mas já está chegando ao Brasil é o senior cohousing. Trata-se de uma comunidade para pessoas da melhor idade. Ou seja, um condomínio com casas individuais envoltas por áreas de convivência comum (como jardins e praças), onde vivem adultos e pessoas da melhor idade, de forma autônoma, mas com o apoio da vizinhança.

Exemplo da iniciativa no Brasil é a Vila ConViver – uma senior cohousing que está sendo implantada na Unicamp/SP, voltada para professores com mais de 50 anos (já aposentados ou em vias de se aposentar). A comunidade residencial – que terá o projeto definido e gerido pelos próprios moradores – garantirá a privacidade e, ao mesmo tempo, estimulará a interação social em um ambiente solidário.

Com a tendência de amadurecimento da população, propostas como essa tendem a se expandir por todo o país.

E você, prefere alugar, comprar, construir ou viver de outra forma? Compartilhe conosco sua opinião. Compartilhando e cooperando, a gente cresce. Aliás, que tal conhecer o maior sistema cooperativo financeiro do Brasil, o Sicoob?

Gostou dessa dica? Cooperação começa por aqui, compartilhe esse conhecimento.


    Artigos que você também pode gostar